SENAI-RN apresenta tecnologias e programa de capacitação para a cadeia do Hidrogênio em reunião da CNI

27/10/2022   15h27

Mello, diretor do SENAI-RN, realizou apresentação para novo Comitê da Confederação

 

A diversidade de fontes que o Brasil tem para produção de hidrogênio sustentável e como o SENAI do Rio Grande do Norte está trabalhando para o país avançar com tecnologias competitivas e capacitação profissional nessa nova cadeia foram destacados, em São Paulo, na 2ª reunião do Comitê da Indústria para o Hidrogênio Sustentável, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

 

A apresentação foi realizada, nesta quarta-feira (26), pelo diretor regional do SENAI-RN, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), Rodrigo Mello. Os dois Centros, sediados em Natal – com atuação para o Brasil inteiro – são referências nacionais para o setor.

 

O ISI-ER é o principal centro de pesquisa aplicada no Brasil com foco em energias renováveis e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio. O CTGAS-ER, por sua vez, é o centro de excelência para soluções de educação que o país desenvolve neste momento, em parceria com a Alemanha, para formação de profissionais que irão atuar na cadeia produtiva. 

 

“Nós temos uma área de sustentabilidade importante no nosso centro, com Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação em hidrogênio, combustíveis sintéticos e monitoramento de emissões (de gases do efeito estufa)”, exemplificou Rodrigo Mello. 

 

“Na área de educação profissional, assim como fizemos um centro de excelência para o desenvolvimento de pessoas para as indústrias de gás natural veicular, de energia eólica e solar, agora, em dezembro do ano passado, fomos contratados pelo governo brasileiro e a agência alemã GIZ para fundar um centro de excelência em formação de pessoas para a cadeia de hidrogênio no Brasil”, acrescentou ainda.

 

A infraestrutura de pesquisa aplicada e a equipe multidisciplinar com larga experiência no assunto, ressaltou Rodrigo, têm contribuído para impulsionar os trabalhos com foco na atividade. “Faz 18 anos que a gente trabalha com hidrogênio. Temos equipes de engenharia, geologia, estatística, meteorologia, química e de cientistas da computação, entre mestres, doutores e pós-doutores, em uma série de projetos em execução e em fase de submissão via chamadas públicas”, disse o diretor. 

 

O Hidrogênio

O chamado hidrogênio sustentável é um gás menos poluente, obtido como hidrogênio verde – proveniente da eletrólise, um processo físico-químico que utiliza a energia de fontes renováveis como eólica e solar – ou, por exemplo, a partir de matérias-primas orgânicas, como o bioetanol e o glicerol provenientes da produção do biodiesel. Ambos são alternativas à produção a partir de gás metano, mais comum hoje e mais poluente.

 

Rodrigo Mello frisou, na apresentação, a importância de o Brasil não focar em uma solução única para obter hidrogênio. “Nós analisamos que não interessa ao Brasil restringir o assunto hidrogênio sustentável à discussão sobre o hidrogênio verde. O país, como poucos locais no mundo, tem uma matriz energética renovável muito plural e muito competitiva. Então ficar só em energia solar, eólica onshore e na fronteira do offshore (como fontes de produção desse hidrogênio) não seria o caminho. A gente tem uma condição competitiva que o mundo não tem, que é a fatia agropecuária, que interessa porque distribui renda e gera emprego do Oiapoque ao Chuí. Então, não dá para restringir”, complementou ele. 

 

O hidrogênio verde é o que mais se discute hoje no país. A indústria do setor está em processo de estruturação nacionalmente, e à espera de regulamentação. 

 

É esse hidrogênio, produzido a partir de fontes renováveis, que é enxergado como caminho estratégico do Brasil para transportar energia para outros países. Seria um possível meio de armazenamento de energias limpas para exportação e, ainda, possibilidade de insumo para uso em processos industriais, assim como uma nova opção de combustível em substituição gradual aos tradicionalmente utilizados, considerados poluentes.

 

Comitê

 

Comitê da Indústria para o Hidrogênio Sustentável integra esforços da CNI para implementação da Estratégia da Indústria para Economia de Baixo Carbono

 

O Comitê da Indústria para o Hidrogênio Sustentável foi instituído este ano como parte dos esforços da CNI para implementação da Estratégia da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono, apoiada em 4 pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.

 

O intuito, segundo a Confederação, é apoiar a construção de marcos regulatórios e políticas públicas para o hidrogênio sustentável, bem como aprimorar uma política industrial que incorpore os elementos necessários para o desenvolvimento deste vetor energético.

 

Davi Bomtempo, gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, abriu a reunião nesta quarta-feira frisando que “a questão do hidrogênio tem sido colocada pela Confederação como uma das prioridades”.  “Essa é uma agenda que o Brasil precisa desenvolver o mais breve possível para que não perca nenhum tipo de competitividade”, disse ele, explicando que, há aproximadamente dois anos, a CNI começou o trabalho de investigação de como a indústria brasileira poderia ter vantagem a partir dessa agenda. 

 

“Toda essa agenda”, disse, “ganhou intensidade maior agora, principalmente com o novo contexto geopolítico”. “Hoje, o mundo procura por segurança energética e segurança alimentar e o hidrogênio trabalha nessas duas frentes. O hidrogênio sustentável – não só o verde – vem ganhando corpo e se colocando como uma das grandes alternativas”. 

 

O Comitê da Indústria para o Hidrogênio Sustentável reúne representantes das Federações das Indústrias do país, da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), do Fórum do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico, além de indústrias de setores como energia, óleo e gás, petroquímico e siderúrgico. O SENAI-RN se insere no grupo como representante do Sistema FIERN, que engloba SENAI, SESI, IEL e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte.  

 

A reunião também incluiu apresentação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) sobre a inserção da indústria brasileira na cadeia de valor do hidrogênio, desafios e oportunidades na área.