Energias renováveis são caminho para novo patamar de desenvolvimento do RN, diz Fernando Bezerra

4/05/2023   10h19

 

 

 

O ex-ministro e ex-senador Fernando Bezerra vislumbra, nas energias renováveis, perspectivas para o Rio Grande do Norte ter uma mudança de rumo e alcançar um novo patamar de desenvolvimento. Mas, alerta, o Estado deve se preparar para aproveitar melhor essa oportunidade. As afirmações do ex-ministro foram dadas durante o Indústria Mais RN, programa produzido pela Unidade de Comunicação da FIERN ,que está disponível no canal do Sistema FIERN no YouTube desde a quarta-feira (3).

 

 

“O mais importante para o RN, hoje, sem dúvida, é a energia renovável. Nas eólicas, já somos o maior produtor do Brasil. Mas precisamos trazer ao Estado, mais do que a geração”, aponta. “Vislumbro uma oportunidade pelo fato de que alguns países já tenham saturado sua capacidade de produzir. Eles virão aos países nos quais há grande potencial gerador. E os projetos de geração de energia offshore serão eventos importantíssimos para agora e para o futuro do Estado”, acrescenta.

 

O ex-ministro cita que “o potencial para geração offshore é três vezes e meia a quantidade de energia consumida pelo Brasil atualmente”. “Isso é uma oportunidade de industrialização e para atrair investimentos ao nosso Estado, inclusive pela localização geográfica”, ressalta.

 

Fernando Bezerra foi senador em duas legislaturas, ministro da Integração Nacional no governo Fernando Henrique Cardoso, líder dos governos FHC, no Senado, e Lula, no Congresso Nacional, além disso exerceu a presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da FIERN, por cinco mandatos.

 

Para Bezerra, o CTGAS-ER, junto com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), pode impulsionar o crescimento da economia potiguar. Ele lembra que o CTGAS foi instituído quando ainda estava na presidência da CNI e o Centro evoluiu para atuar também na área de energias renováveis. “O CTGAS tem e terá um papel muito importante no futuro”, comenta.

 

O ex-senador acredita também que líderes e gestores públicos devem ter no MAIS RN uma referência. E afirma que os projetos estão prontos para serem adotados em uma gestão que fomente o desenvolvimento. “A FIERN hoje tem o MAIS RN que é, basicamente, um programa de governo. Qualquer gestão, que tivesse o menor juízo, não precisaria pensar muito, pedia a FIERN… Ali está a base de um desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Seria apenas seguir. Então, o papel da FIERN, que chega aos 70 anos, é muito importante no Estado”, salientou.

 

Ele apontou que a FIERN tem se mostrado, ao longo destas sete décadas, como uma entidade com uma representatividade que a credencia para defender os legítimos interesses das indústrias e propostas que podem levar ao desenvolvimento do Estado.

 

Durante a entrevista, ele revelou que esse papel relevante da FIERN fez com que, no período em que presidia a Federação, recebesse o convite para uma candidatura ao governo. Naquele momento, não aceitou. “Havia uma relevância do papel da FIERN, ao ponto de me cogitarem para uma candidatura [a governador], que naquele momento não quis, por entender que era mais importante o papel crítico que a FIERN mantinha”. Anos depois, seria candidato a governador, quando exercia um mandato no Senado.

 

“Eram momentos diferentes [quando estava na presidência da FIERN]. A atuação sempre foi em defesa da nossa indústria e uma colaboração com os governos estaduais, criticando ou propondo algo”, lembra.

 

Atualmente, o ex-ministro vê que há perspectiva de retomada da construção civil potiguar, diante da revisão do Plano Diretor de Natal. “O mercado imobiliário retoma pouco a pouco e a construção civil vai acompanhar”.

 

Além disso, ele considera que há expectativa com relação a uma recuperação dos investimentos governamentais. “Serão feitos alguns investimentos na área pública, nas quais houve uma queda muito grande, existe uma quantidade enorme de obras paralisadas”, prevê. E justifica: “Um dos pontos sobre os quais ouvi o presidente Lula se referir foi a respeito da retomada dessas obras. O Programa Minha Casa Minha Vida é importante pelo aspecto social dos beneficiados, pelos empregos que gera e pela movimentação da atividade econômica”.

 

Sonhar com uma classe política que pense no RN

 

Fernando Bezerra afirma ainda, na entrevista ao Indústria Mais RN, ter o sonho do Estado conquistar uma classe política com a maioria dos integrantes voltada à defesa prioritária dos interesses do Estado. “Sonho em ver o Rio Grande do Norte melhor e que a classe política pense mais no Estado do que [seus integrantes] neles próprios. Hoje é quase um sonho, porque pouca gente está fazendo isso”, destaca.

 

“Não vejo muita renovação no quadro político do RN. E vejo uma certa acomodação da nossa bancada, tanto na Câmara [dos Deputados], quanto no Senado”, afirma. Mas faz algumas ressalvas nesta crítica. Uma delas é quanto à atuação do senador Rogério Marinho (PL). “Elegemos Rogério Marinho (senador) e sei que ele é uma pessoa capaz. Mostrou isso quando deputado, ministro e certamente vai confirmar no Senado”, diz.

 

Com a experiência de quem foi senador em duas legislaturas, ministro da Integração Nacional no governo Fernando Henrique Cardoso, líder dos governos FHC, no Senado, e Lula, no Congresso Nacional, também tem uma avaliação crítica da atual bancada federal potiguar e aponta uma ausência de renovação política no Estado.

 

“Essas observações não têm relação com o fato de ser do partido A ou B”, assegura. Tanto que o ex-ministro considera positivo também o desempenho do atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT). “Jean Paul Prates foi um bom senador para o Rio Grande do Norte”.

 

Fernando Bezerra está confiante nas possibilidades da gestão do ex-senador petista na estatal. “Agora, [com Jean Paul] na Presidência da Petrobras é uma grande oportunidade para o Estado. Trata-se de uma das maiores empresas do mundo”, reforçou.

 

Reindustrializar passa por inovação

 

O ex-ministro e ex-senador vê com “tristeza” a desindustrialização no país. Ao mesmo tempo, percebe, na evolução tecnológica, a possibilidade de uma volta de uma participação maior da indústria no PIB nacional. “Para reindustrializar, inovação é a palavra-chave. Ao investir em inovação, teremos um processo um novo desenvolvimento industrial de nosso país”, projeta.

 

Ao ser perguntado sobre a perspectiva de desempenho do atual presidente, Bezerra lembra que conviveu com Fernando Henrique Cardoso que tem, na avaliação dele, as características de um intelectual; e com Luiz Inácio Lula da Silva que se caracteriza, diz o ex-ministro, pela inteligência e habilidade de um negociador, desde a época de líder sindical. “A política é um permanente estado de negociação e ele aprendeu a fazer isso”, afirma.

 

Fernando Bezerra demonstra, em todas essas avaliações, respostas e análises, ao longo do programa, tanto com relação ao Rio Grande do Norte, quanto com relação ao país, uma visão realista e crítica, em alguns momentos, mas sempre com confiança de que há caminhos que podem levar ao desenvolvimento do Estado e da nação, se líderes e instituições não desperdiçarem oportunidades.

 

Confira a entrevista na íntegra, acessando o Programa Indústria Mais RN por meio do link: