Competições de educação profissional melhoram ensino em sala de aula

4/10/2017   16h18

 

O Brasil é o atual campeão da WorldSkills, o torneio mundial de educação profissional no qual os competidores são desafiados a realizar tarefas relacionadas diretamente à sua profissão. Para competir em nível internacional, é preciso dedicação a um rigoroso treinamento e atualização com as técnicas mais recentes e inovadoras do mercado. Esse aprendizado adquirido não fica restrito, no entanto, aos jovens que realizam a façanha de participar da competição. O conhecimento é utilizado em sala de aula por docentes do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para formar os melhores profissionais brasileiros.

 

O diretor técnico do SENAI do Mato Grosso, Willian Pacheco, explica que, ao ter um participante no torneio, a escola tem acesso aos melhores processos e equipamentos e isso coloca todos, docentes e alunos, em outro patamar. Jovens do estado que treinam para competir este ano na WorldSkills Abu Dhabi na ocupação Manufatura Integrada, por exemplo, foram até Luxemburgo e Alemanha para conhecer máquinas da área que ainda não existem no Brasil.

 

Os equipamentos se diferenciam por sua precisão e modelagem. Nas provas, eles terão de projetar, fabricar, montar e testar equipamentos industriais. “Os alunos voltam de uma viagem como essa podendo passar esse conhecimento novo para os alunos que ficaram por aqui”, afirma Pacheco.

 

A secretária de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Eline Nascimento, também avalia como positiva a participação de alunos brasileiros em competições de educação profissional. Ela destaca que esses eventos estimulam o desenvolvimento de produtos, processos e serviços com o objetivo de tornar mais dinâmica a economia regional e nacional. “As competições estimulam o pensamento crítico e a busca de soluções para os problemas de ordem prática, tanto profissional quanto social”, ressalta a secretária.

 

ESPAÇO DE CRIAÇÃO – A cidade de Caxias do Sul (RS) tornou-se um celeiro de campeões na WorldSkills na ocupação Mecatrônica. Foram duas medalhas de ouro na disputa em 2011 e 2013, assim como duas pratas em 2015 e 2007. Um dos segredos do sucesso dos competidores da cidade é que a equipe do SENAI conseguiu desenvolver uma técnica de programação que reduz os erros e aumenta a velocidade do trabalho. O método hoje beneficia todos os alunos, pois é utilizado nas aulas dos cursos de Mecatrônica.

 

Citação matéria WorldSkills.png O supervisor de educação e tecnologia do Instituto SENAI de Tecnologia em Mecatrônica, Igor Krakheche, de Caxias do Sul, explica que a participação nos torneios, como a Olimpíada do Conhecimento, a competição nacional, também ajuda a obter investimento em maquinário. “Por meio da Olimpíada nós conseguimos um investimento para que novas máquinas sejam adquiridas e os instrutores da unidade aproveitem ao máximo os materiais”, explica.

 

De acordo com ele, as mudanças identificadas em processos por países que são referência na área também são rapidamente incorporadas ao ensino das turmas no Brasil. “Os alunos, por receberem esse tipo de preparação, adquirida por meio das competições de educação profissional, saem muito mais profissionais porque quando enfrentam desafios têm mais maneiras de resolvê-lo”, avalia Krakheche.

 

ENSINAMENTO – O docente Thiago Trivilin, do curso de Redes e Infraestrutura, de Florianópolis, conta nunca ter esquecido uma frase que ouviu de um diretor do SENAI: “Professores, levem a Olimpíada para as salas de aula”. Foi o que ele fez. A avaliação prática utilizada por ele hoje com seus alunos é inspirada nas competições, permitindo um acompanhamento mais personalizado dos estudantes.

Por essa avaliação, cada aspecto da atividade é avaliado separadamente. São levados em conta a técnica e a qualidade de processos, como a introdução de projetos-teste sem fio, além da capacidade do estudante de resolução de problemas. Trivilin acredita que, dessa forma, o aluno pode ser mais bem analisado, pois seus pontos fortes e fracos aparecem mais facilmente.