Sem segurança, não há desenvolvimento, destaca especialista no Motores do RN

3/07/2017   13h32

 

 

Sem segurança pública não haverá desenvolvimento e cidadania no país. A afirmação foi do secretário de Segurança de Goiás, Ricardo Brisolla Balestreri, durante palestra no seminário “Motores do Rio Grande do Norte”, no auditório da Casa da Indústria, na manhã desta segunda-feira, 03. O seminário reuniu autoridades do setor, empresários, integrantes do Ministério Público, professores universitários e parlamentares, que acompanharam a discussão sobre o tema.

 

O seminário teve a participação do presidente da FIERN, Amaro Sales de Araújo, da reitora da UFRN, Ângela Paiva; do presidente da Fecomércio, Marcelo Queiroz; do presidente da Fetronor, Eudo Laranjeiras; do procurador-geral de Justiça, Eudo Rodrigues Leite; dos senadores Garibaldi Filho e Fátima Bezerra; dos deputados Hermano Morais, Márcia Maia e Fernando Mineiro; da vereadora Eleika Bezerra; do superintendente do Banco do Brasil, Ronaldo Oliveira; do presidente da Cosern, Luiz Antonio Ciarlini; da secretaria de Defesa Social, Sheila Freitas; e do comandante da Polícia Militar, André Luiz Bezerra.

 

Balestreri, além de destacar a relação entre a crise da segurança e os obstáculos ao desenvolvimento, apresentou informações que apontam as deficiências do Poder Público no combate à criminalidade. Ele afirmou que há 60 mil homicídios por ano no país e em apenas 3% dos casos são identificados os responsáveis. E também informou que dos crimes contra o patrimônio, como furtos e assaltos, somente 0,5% são investigados. “Ou seja: 97% das pessoas que cometem homicídios não são punidas e, de cada 200 furtos ou roubos, somente um será investigado, podendo ser solucionado ou não. Esses dados mostram como está a situação do país na área de Segurança Pública”, disse.

 

Para o especialista, as dificuldades na Segurança têm relação com os investimentos reduzidos que são destinados ao setor. Alguns levantamentos, lembrou, indicam haver recursos expressivos para a área de defesa social, mas incluem, segundo Balestreri, os gastos com salários, o que ele considera um equivoco. “Investir em Segurança não é aumentar salário. Isso é custeio. Tem que se investir em condições de trabalho e tecnologia para que se tenha ações capazes de frear a criminalidade. Se temos um prejuízo de R$ 100 bilhões por ano devido à insegurança, sem falar nas vidas perdidas, será que não vale a pena investir mais em segurança? Vamos refletir”, disse.

 

Ele alertou também que a atual concepção das ações de segurança no país é inadequada, porque se baseiam na ideia de contenção da população pobre e não em planejamento preventivo e ampliação dos serviços públicos.
Balestreri ainda afirmou que é equivocado relacionar “escolaridade” com formação e isso tem implicações para a segurança. Para ele, a formação pode ajudar na redução da criminalidade, mas a escolaridade não implica nesta melhoria, se for mera ampliação de acesso ao ensino formal, sem formação de cidadania para os jovens.

 

 

“É um escândalo e nem assim há um mobilização para enfrentar estes problemas”

 

Coube ao professor e pesquisador José Luiz Rattoon, que foi assessor especial de Eduardo Campos no governo de Pernambuco, apresentar dados sobre a violência no país e no Rio Grande do Norte. Ele disse que dos 600 mil homicídios registrados no mundo, 10% são cometidos no Brasil e 0,35% no RN. Ou seja, de 300 mortes violentas, uma é no território potiguar. “É um escândalo e nem assim há um mobilização para enfrentar estes problemas, como houve no combate à inflação nos anos 90”, comentou.

 

Ratton também criticou a ausência de uma estratégica que adote iniciativas inovadoras para o enfrentamento da violência. Ele ressaltou que hoje as iniciativas estão focadas meramente na repressão e, assim, não são eficazes para ampliar a capacidade do Estado enfrentar a criminalidade.

 

O seminário ainda teve palestras do professor de Departamento de Ciência Social da UFRN, Edmilson Lopes Júnior, que tratou da insegurança no Rio Grande do Norte; do professor do Instituto Metrópole Digital, Frederico Araújo da Silva, que abordou as ferramentas de apoio às atividades de segurança; e da promotora de Justiça Luciana Andrade D’Assunção, que falou sobre a “transversalidade da política e a segurança”.